País | Cai nº de ossadas encontradas em canaviais em Ribeirão Preto

Foram apenas quatro enviadas para análise neste ano

Juliana Coissi, Folha.com

Foto: Silva Júnior/Folhapress
As ossadas humanas encontradas em canaviais da região pela polícia têm chegado em um ritmo menor no Cemel (Centro de Medicina Legal), vinculado à USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).
 
Segundo o médico Marco Aurélio Guimarães, do laboratório de antropologia forense do Cemel, só quatro ossadas foram enviadas para análise no núcleo neste ano. A média em anos anteriores era de uma ou duas por mês.
 
Para o docente, a queda é reflexo de uma redução do número de homicídios.
 
Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, Ribeirão teve dez homicídios dolosos (intencionais) até junho. Em 2010 inteiro, foram 42. Como comparação, em 2001 foram 176.
 
"A própria criação do laboratório pode ter inibido a ação dos criminosos, que, sabendo, podem estar escondendo melhor os corpos."
 
A queda é confirmada pelo Núcleo de Perícias Médico-Legais de Ribeirão, ligado à Polícia Civil. "O grande número de ossadas antes era por homicídios que desovavam por aí. Cinco ou seis anos atrás era um atrás do outro", disse o diretor-técnico substituto do núcleo, Nélio Rezende Cardoso. 
 
Identificação
 
O Cemel mantém um site com as características das ossadas encontradas na região. O objetivo é ajudar parentes de desaparecidos a identificar possíveis vítimas.
 
De 2011, a única descrição no site é de um corpo achado num canavial na fazenda Santa Estela, próximo a Jurucê, distrito de Jardinópolis.
 
O corpo estava carbonizado e enrolado em um tapete. Pela descrição do Cemel, trata-se provavelmente de um homem branco, com idade entre 20 e 29 anos.
 
As técnicas empregadas permitem identificar em uma ossada o sexo, a idade aproximada, a estatura e se era destro ou canhoto. O Cemel pode até descobrir se a pessoa tinha dor próxima ao ouvido quando mastigava, a partir do desgaste dos ossos.