TRECHOS DE ENTREVISTAS COM O RADIALISTA LÉO DE OLIVEIRA, CONCEDIDAS DE DOIS ANOS PARA CÁ, REALIZADAS POR ESTUDANTES DE COMUNICAÇÃO DE JF



Na postagem de hoje, resolví publicar compilações de inúmeras entrevistas que dei ao longo dos últimos dois anos, para estudantes de comunicação de JF. Tenho brincado bastante com os meus colegas aqui da Globo e também com alguns amigos que tenho, que agora, com vinte e poucos anos de rádio e mais alguns de jornal e televisão, já comecei a dar entrevistas, o que sinaliza alguma coisa em torno de ''a idade já chegou'' ou... Será que estou virando museu? Brincadeiras à parte, gosto de passar informações sobre minha vida e carreira àqueles que estão entrando neste fantástico negócio das comunicações. Nunca escondo nada. Procuro ser sempre muito claro quando o assunto é minha carreira de comunicador e também minha vida...
PERGUNTA 01 - Léo de Oliveira, se tivesse que voltar no tempo, seguiria a carreira de comunicador ou faria outra coisa?^
LÉO DE OLIVEIRA - Amo a comunicação. Nascí para o que faço. Se tivesse que voltar uns trinta anos no tempo, faria tudo de novo. Sei que muitos jovens buscam profissiões mais atraentes financeiramente, mas eu nunca ví minha inserção no mercado profissional por este lado. Sempre soube que na comunicação, as coisas não são tão Fáceis assim, porém sempre fiz comunicação por ideologia, amor à arte mesmo e nunca pensando em dinheiro. Claro que se voltasse no tempo, seria de novo um comunicador e no segmento radiofônico, isso é evidente!
PERGUNDA 02 - Ao longo desses quase 30 anos de comunicação, você contabiliza as decepções, ou isto é indiferente pra você?
LÉO DE OLIVEIRA - Não tenho sangue de barata, mas os percalços da profissão existem. Ou melhor, em qualquer profissão você vai enfrentar obstáculos. Mas se a pessoa nasceu para enfrentar somente os momentos bons ela não deve realizar nada então. Em tudo na vida, vamos encontrar as dificuldades. Dentro da comunicação, sempre procurei tirar proveito dos momentos difíceis para chegar mais adiante. Acho que o fato de hoje estar em uma Rádio Globo, a maior marca de rádio do mundo, é porque fui valente em muitos momentos... Não sou de fraquejar. Tenho um lema importante em minha vida: ''Às vezes, quando tudo dá errado, acontecem coisas maravilhosas que jamais teriam acontecido se tudo tivesse dado certo''. Foi Chaplin quem criou essa pérola e eu lancei mão dela para a minha vida...
PERGUNTA 03 - Um comunicador de rádio é uma espécie de palhaço, que mesmo triste, enfrentando problemas, precisa divertir seu público?
LÉO DE OLIVEIRA - Acho que em todas as profissões, precisamos nos parecer um pouco com os verdadeiros palhaços de circo, que mesmo enfrentando dramas na vida particular, não podem deixar de divertir o seu público. No rádio mais especificamente, a coisa não é tão diferente como aquela história do palhaço do circo... Já passei momentos difíceis na vida e paralelo a eles, fui lá realizar o meu trabalho... Em 2005 por exemplo, minha ex-mulher, mãe de minha filha Rayssa, sofreu um aneurisma e estava com morte cerebral na Santa Casa e mesmo consternado, tendo que cuidar de minha filha que tinha apenas 9 anos e estava desesperada com o fato, fui a um hotel da cidade para gravar uma entrevista para o programa que eu fazia na TVE JF. Eu não podia perder a entrevista e não tinha um repórter que me substituísse naquele momento. Forcei a barra, fui lá, fiz a matéria e depois voltei ao hospital, quando recebí a notícia da morte de minha ex-mulher. Orei naquele momento, recebí seu corpo na funerária da Santa Casa e depois realizei os precedimentos do velório. De manhã cedo, ainda estive na ilha de edição da TV para editar a matéria e depois fui com minha filha, acompanhar o sepultamento da pessoa que ela mais amava na vida... Fora isso, já viví momentos dos mais dificeis na vida, porém, a profissão que Deus me deu por dom, tem sido para mim um remédio para todos os meus sofrimentos... Sou feliz com o que faço e aí não é difícel ser forte na vida... É assim que sou e o que penso com relação ao que faço...
PERGUNTA 04 - Quem é seu ídolo no rádio?
LÉO DE OLIVEIRA - Sempre gostei do Haroldo de Andrade. Ele já é falecido. Foi para mim, um dos maiores radialistas da Rádio Globo. Desde garoto o acompanhava na Globo. Era um homem muito inteligente. Gostava muito também do José de Barros aqui em JF. Aliás, é bom que se diga, que quando eu era criança, vivia grudado no rádio, ouvindo o ''Baú da Saudade'', que era apresentado por ele na PRB-3, hoje Solar. Mas tem muita gente que fez e faz rádio, que me inspirou bastante na carreira e na vida.
PERGUNTA 05 - Foi fácil começar no rádio?
LÉO DE OLIVEIRA - Muito difícil. No início dos anos 80, tentei entrar para o rádio aqui em JF e não consegui. Aconteceu até de um diretor de rádio me dizer muito nervoso que eu deveria escolher outra profissão na vida, porque essa coisa de rádio era algo péssimo. Não desistí. Eu achava o rádio uma coisa boa. Fiquei pedindo emprego em rádios de Juiz de Fora dos 20 aos 25 anos. Como o tempo começou a passar e fiquei medo de ficar velho pra começar, resolví me mandar daqui e como santa de casa não faz mesmo milagre, foi fora de minha cidade natal que ganhei a chance de me profissionalizar no rádio, através das rádios Carijós Am, Carijós Fm e Rádio Clube de Conselheiro Lafaiete, emissoras da Organização Agostinho Campos Netto. E foi em outra cidade distante da minha terra natal, Caxambú, que aprendí a trabalhar com jornais. Fui editor de jornais, repórter, diagramador, paginador, enfim, consegui lá fora me profissionalizar... Quando voltei para Juiz de Fora, isto em 1989, aí encontrei portas abertas e não parei mais.
PERGUNTA 05 - Aqui em Juiz de Fora, em que emissoras de rádio você atuou?
LÉO DE OLIVEIRA - Vamos lá! Pela ordem! Solar Am, onde eu fazia o ''Faixa Especial'', de 21 horas a meia-noite. Solar Fm, onde fiz as madrugadas de meia-noite às seis da manhã. Depois fui para a Manchester Fm, onde apresentava de dez da noite à meia-noite o ''Flash 100'' e de meia-noite às seis da manhã, uma madrugada bastante musical. Depois fui para a Rádio Capital em 1990 fui contratado pela Rádio Capital Am onde permanecí por quase três anos. Fazia o Bom Dia Capital. Na sequência fui para a Rádio Nova Cidade, hoje Mancheste Am. Em 1994 deixei Juiz de Fora e fui trabalhar na Rádio América de Vitória. Bateu saudade e regressei a JF, indo trabalhar na Capital, de novo na Rádio Capital. Em 1995, recebí um convite do saudoso professor Josino e assumi meu posto na rescém-inaugurada Rádio JF Am, hoje Globo JF. Portanto a 16 anos estou aqui no Sircom. Em 2004, dei um tempo no rádio e também a convite do professor Josino Aragão, fiz o programa Léo de Oliveira na TVE JF. Foram três anos de trabalho e 160 programas de entrevistas. Mas o rádio sempre falou mais alto e voltei de vez. Hoje na Globo JF, sou um profissional muito feliz e realizado.
PERGUNTA 06 - Dizem que o Rádio Am está ficando ultrapassado. Você concordo com isso?
LÉO DE OLIVEIRA - Nunca! O que acontece hoje, é que alguns aparelhos eletrônicos e até mesmo os celulares, trazem a opção do rádio Fm, mas não trazem a opção do rádio Am. É bom que se diga, que o rádio Am é o verdadeiro rádio. Foi nele que tudo começou. As Fms no Brasil são grandes vitrolas, só tocam música. Para mim, o rádio é serviço em prol da comunidade, é bate-papo, utilidade pública o tempo todo... O rádio Am nunca vai deixar de existir, mas vai ter que estar cada vez mais perto do ouvinte.
Amigos, aqui algumas de minhas respostas a jovens que estão começando a trilhar os caminhos da comunicação. A todos eles desejo sucesso e energia dentro de uma profissão que é mais que uma profissão e sim uma missão.